28 de out. de 2014

Nota oficial do PSTU sobre ação policial contra Matheus Gomes


Matheus Gomes (à esquerda) se dirigia à passeata dos trabalhadores em greve da empresa Contax, na Esquina Democrática, quando houve a abordagem policial

Nesta terça-feira (28/10), por volta das 9h e 30 minutos, Matheus Gomes (liderança da Juventude do PSTU), foi abordado a duas quadras da sua residência por dois policiais fardados que agiram de maneira propositalmente coerciva, tentando intimidá-lo.

Pelo teor das perguntas e a maneira como as fizeram, deixando claro que sabiam quem é o Matheus, é necessário que tomemos a atitude de registrar esse fato grave, lamentável e extremamente preocupante. Os dois policiais não pediram sequer o documento de Matheus, apenas o questionaram sobre sua participação nas mobilizações e a defesa de posições políticas como a legalização da maconha.

Para tanto, o PSTU fará uma denúncia oficial dessa ocorrência na Corregedoria Geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e também no Ministério Público, na intenção de que sejam apuradas as circunstâncias desse ato abusivo por parte dos policiais.

Matheus é um dos seis ativistas que estão sendo processados pela organização do Bloco de Lutas, fórum de entidades do movimento social e partidos políticos que organizou as manifestações de 2013 contra o aumento da passagem. Essa não é a primeira ameaça feita contra Matheus. Fatos como esse configuram uma nítida perseguição política, cujo objetivo é calar aqueles que lutam por direitos e as jovens lideranças dos protestos. Não nos calarão!

DIREÇÃO MUNICIPAL DO PSTU, 28 DE OUTUBRO DE 2014.

Relato da abordagem - Por Matheus Gomes

"Acabei de ser surpreendido por dois policiais de moto na Chile com a La Plata (eram 9h e 30 minutos). To indignado! Sair de casa e sentir uma pistola deslizando nas tuas costas é uma sensação horrível. Tava ouvindo um... rap, nem olhei pro lado e eles já vieram me pegando pelo braço, que nojo ser tocado por esses vermes!!!

Mas o pior não foi isso. Os PMs sabiam bem quem eles tavam revistando e fizeram questão de deixar tudo extremamente nítido pra mim. Em momento algum pediram meus documentos. Eu vou transcrever o diálogo deles pra vocês entenderem do que se tratava:

PM 1 - Ele mora no bairro.
PM 2 - Sim, tu tem entorpecentes?
Eu - Não!

PM 1 - Ué, tu defendeu a legalização da maconha na eleição e não tem entorpecentes? Como assim?
Eu - Não precisa ser usuário pra defender a legalização.
PM 2 - Tu era o black block né? Porque vocês atacam a polícia?

PM 1 - Tu invadiu a Câmara né? Eu te conheço bem, tu é estudante da UFRGS.
PM 2 - Vocês são muito burros, lutam por passagem ao invés de falar em coisas mais importantes e ainda atacam a polícia.
Eu - Nunca atacamos vocês, defendemos o povo.

PM 1 - Sei. Te liga no bairro que os assaltos tão crescendo.

Nesse momento acabou a revista e eu sai sem falar nada.

Preciso me preocupar mais com assaltantes ou policiais que tentam me intimidar na rua 9:30 na frente dos meus vizinhos?? Era isso que eles queriam fazer, me desmoralizar, colocar medo, mostrar que ainda não esqueceram quem eu sou, lembram direitinho das palestras preparatórias dos protestos que diziam que eu era líder de organização criminosa junto com a galera do Bloco.

Lamento informar que vocês falharam na missão mais uma vez, to indignado, mas indignação sempre me jogou pra frente. Tô na rua já, firme e forte e indo protestar com a galera da CONTAX. Uma polícia assim nunca vai servir ao povo trabalhador. Desmilitarização já, fim da perseguição aos ativistas do movimento social, no mês da consciência negra vamos fortalecer essa luta!"

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