Por Anderson Castro, professor estadual e membro da Secretaria LGBT do PSTU-RS.
Félix (interpretado pelo ator Mateus Solano) |
Na última semana o Brasil parou para ver o personagem Félix
(interpretado pelo ator Mateus Solano) da novela da Globo Amor a Vida “sair do
armário”. Na verdade ele foi jogado para fora do armário pela sua esposa Edith
(interpretada pela atriz Bárbara Paz). No capítulo seguinte o drama se
desenvolveu sobre a aceitação da família a essa notícia. Drama muito comum no
cotidiano de muitas famílias brasileiras. Um tema antes tratado como tabu, hoje
vem sendo discutido muito mais abertamente na sociedade e ganha ainda mais
vigor ao ser tratado na telinha. Porém os homossexuais ainda têm muito a
conquistar.
Em recente visita ao Brasil, o Papa Francisco fez uma
declaração que foi interpretada por muitos como progressiva sobre o tema da
homossexualidade. Ao declarar "Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá-la?" caminhou no sentido da tolerância
sobre o assunto. Mas, é preciso colocar que não há uma mudança nessa
manifestação. A tolerância não indica aceitação. Pelo contrário, a igreja
católica mantém sua posição de “perdoar o pecador, porém atacar o pecado”. Cabe
lembrar que a igreja católica não é a única a entender a homossexualidade como
pecado, muitas outras igrejas, com destaque as Evangélicas, vêm travado uma
guerra contra os homossexuais.
Há muito direitos a se conquistar. Se por um lado, depois de
muita pressão e mobilização do movimento LGBT, conquistou-se através do Supremo
Tribunal Federal a possibilidade da União Civil entre casais do mesmo sexo, por
outro, a violência contra homossexuais só aumentou nesses últimos anos. Segundo
o Relatório de Assassinato de LGBT de 2012 do Grupo Gay da Bahia, umas das
associações LGBT mais antigas do país, nos últimos sete anos houve um
crescimento de 177% de mortes por motivação homofóbica no Brasil. Só no ano
passado foram 338 homossexuais assassinados, o que significa uma morte a cada
26 horas. Esse foi um dos temas discutidos na audiência pública realizada com o
Governador Tarso Genro (PT) no dia 30 de julho. As entidades presentes na
audiência destacaram que já completa-se 10 anos de governo federal de Frente
Popular e o Brasil é ano a ano recordista em assassinatos de homossexuais.
A exposição do tema da homossexualidade e do preconceito
permite que ele seja tratado pelas famílias e escolas de forma mais aberta e
franca. O debate é base fundamental para avançarmos na luta contra o
preconceito. Porém ele existe, e continua violentando milhares de jovens e
adultos. Por isso é necessário que os governantes e parlamentares aprovem
mecanismo que punam e combatam a homofobia. Um grande passo nesse sentido seria
a aprovação da PL 122 que criminaliza a homofobia e que desde 2006 tramita na
câmara de deputados.