Há menos de 10 meses para a Copa do Mundo a população da
Região Metropolitana de Porto Alegre sofre com as intempéries, que no dia de
ontem deixaram mais de 500 desabrigados, em 13 municípios, e milhares sofreram
com a falta de transporte público.
Trânsito parado no centro de POA - Tiago Rublescki |
As chuvas que atingiram ontem a
região de maior aglomeração populacional do Estado, Região Metropolitana de
Porto Alegre, evidenciaram que a população ainda carece de medidas básicas de infra-estrutura.
As chuvas de ontem não foram um caso isolado. Outras chuvas nesse ano alagaram
cidades como Sapucaia do Sul e Esteio, também o Bairro Sarandí, da zona norte
de Porto Alegre, sofreu com as fortes chuvas desse ano e centenas de casas foram
alagadas.
A tempestade tropical que caiu ontem no Estado colocou em
cheque não somente a infra-estrutura básica de escoamento de água, mas também
toda a estrutura de mobilidade urbana que liga as cidades da Região Metropolitana.
Com o bloqueio da BR-116 e com a falha elétrica no Trensurb – ambos ocasionados
pela chuva, os trabalhadores que necessitam dia-a-dia utilizar essas vias para
trabalhar se viram presos ao meio do caos, tendo que ficar horas esperando em
engarrafamentos e nas estações do trem.
Devido ao caos na locomoção e aos alagamentos, milhares de
pessoas ficaram a mercê da sorte, sem a mínima segurança, com a falta de serviços básicos
de saúde e Defesa Civil. Por pouco no dia de ontem a população gaúcha não presenciou uma catástrofe.
Imagina na Copa...
Ontem, para aqueles que não tinham outra alternativa do que
tentar chegar aos seus locais de trabalho, uma frase foi muito ouvida nas ruas:
imagina na copa... A Copa do Mundo foi vendida para a população como a solução
dos problemas de infra-estrutura e mobilidade urbana. Bilhões de reais dos
cofres públicos foram usurpados com esse fim. A construção dos mega estádios e
complexos esportivos tinham como contrapartida o investimento nas cidades que
receberão os jogos. Porém, como a voz das ruas já mostrava nas Jornadas de junho,
todo esse discurso não passou pela prova dos fatos. Hoje, a 10 meses da Copa,
evidenciamos o caos que uma chuva pode ocasionar. Faltam serviços básicos,
milhares de casas cotidianamente sofrem alagamentos por chuvas muito menores, e
a mobilidade urbana nos grandes centros urbanos, que já é precária, em dias como
o de ontem simplesmente param.
Os governos federais, estaduais e municipais falharam até mesmo na garantia de uma cidade "padrão FIFA" para receber os turista. Agora tem que correr para maquiar os estragos. Enquanto isso a população mais carente sofre a cada intempérie, sem investimentos básicos em infra-estrutura e transporte público. Os trabalhadores tem pressa e não estão mais dispostos a ficar sentados esperando.