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12 de fev. de 2014

Segue a luta pelo transporte público e de qualidade

Segue a luta pelo transporte público e de qualidade
 Por Matheus Gomes da Juventude do PSTU de Porto Alegre

A greve dos rodoviários acabou, mas não há como afirmar que a cidade voltou à normalidade e ponto. O impacto dessa grande mobilização, que pode ser considerada a mais forte no Brasil nesse início de 2014, será absorvido aos poucos, até porque, o transporte coletivo urbano seguirá no centro dos debates. A questão agora é: qual perspectiva ganhará o apoio popular para a resolução da crise instaurada no transporte? Não é verdade que só a proposta da prefeitura está em debate. O fortalecimento dos movimentos sociais em Porto Alegre desde 2013 construiu novos e potenciais agentes na formação da opinião pública e de projetos para a questão da mobilidade urbana. Tanto o Bloco de Lutas pelo Transporte Público (que já elaborou PLs para o passe livre e a transparência nas contas das empresas), quanto o movimento dos rodoviários, foram muito além das reivindicações pontuais e rotineiras. Existe uma compreensão comum de que não basta mais lutar “apenas” contra o aumento das tarifas e por reajuste salarial, é necessário construir um novo modelo para o transporte, ou seja, precisamos de uma transformação estrutural.

A iminência da licitação é o mote que poderá fortalecer uma rota alternativa para a saída da crise, pois a rebelião de usuários e funcionários tem um inimigo central: os empresários do transporte, questionados inclusive pelo Tribunal de Contas do Estado. A reivindicação pelo transporte 100% público, em contraposição ao controle privado, poderá ganhar espaço na sociedade. A lógica da garantia de direitos ao invés da manutenção da prática de acumulação de lucro é a alternativa dos movimentos sociais, afinal, estamos falando do simples ato de ir e vir de milhões de pessoas e não de uma mercadoria. Será que basta trocar seis por meia dúzia? Estimular a concorrência é a solução magistral de Fortunati e Vanderlei Capellari? A licitação já começa com a piada da ausência do sistema de refrigeração, demonstrando a incapacidade dos empresários em atender demandas básicas da população. Quem virá disputar o nosso sistema de transporte coletivo? Empresas que atuam em outros estados do Brasil? Mas o caos no transporte não é nacional, como demonstraram as mobilizações de junho? E agora, o que fazer? Na semana passada, diante de uma chantagem dos empresários sob a prefeitura, Capellari afirmou que descarta a possibilidade da estatização. Nada de novo, afinal, o modelo privado é a regra em nosso país e o favorecimento aos empresários é a opção política dos governantes. Mas, não seria o momento de Porto Alegre assumir a vanguarda e quebrar mais um paradigma? O movimento social pode ser a via alternativa se assumir de conjunto a proposta da estatização e ganhar a população para rifar os empresários! Precisaríamos nos preocupar com a indenização de quem roubou durante anos o dinheiro do povo e explorou cruelmente toda uma categoria? A frota é nossa, já foi paga e re-paga pela população durante as décadas de farra dos tubarões do transporte. Porto Alegre tem uma empresa pública que é a Carris que possui apenas 22% das linhas da cidade. O transporte precisa ser 100% público ou os problemas de hoje perdurarão. Defendemos um transporte público em Porto Alegre com 100% das linhas sendo operadas pela Carris.

Rodoviários e usuários querem ser protagonistas na tomada de decisão que definirá o futuro do transporte na capital. Há tempos atrás, numa conjuntura distinta da atual, mas marcada por grandes mobilizações, trabalhadores rodoviários organizaram embriões de controle popular nas empresas de ônibus, com o apoio dos movimentos sociais. Hoje eles nos provaram que tem capacidade para ser linha de frente na gestão e controle do sistema, ou seguiremos duvidando da força e inteligência de quem parou durante 15 dias a cidade? Vamos seguir diante de uma administração privada e ineficiente ou vamos apostar no novo com o controle popular do transporte?

Falando em movimento, a luta não acabou, pois a manutenção do estado de greve é a forma da categoria pressionar por uma decisão que satisfaça os seus interesses no ajuizamento que ocorrerá na próxima segunda. Caso o contrário, a paralisação poderá reiniciar. Ao mesmo tempo, a possibilidade de um novo aumento nas tarifas, confirmada por Fortunati, também poderá ser o motor de grandes mobilizações da juventude. Ou seja, a efervescência social vai seguir e pode se aprofundar! Grevistas e usuários – leia-se manifestantes, poderão ser o ator principal na definição dos rumos do transporte em Porto Alegre.

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