Devemos
seguir os exemplos dos Garis do Rio e Rodoviários de Poa para retomar
as grandes mobilizações e lutar por um transporte público
Um pouco do histórico da Luta em defesa do transporte público
1-Nos orgulha o fato de Porto Alegre ser reconhecida a nível nacional
como a capital que está na vanguarda dos debates relacionados a crise do
transporte público. Mas esse fato se deve essencialmente a
ação dos movimentos sociais, principalmente os rodoviários e as
organizações articuladas em torno ao Bloco de Lutas pelo Transporte
Público, pois o prefeito José Fortunati e seu secretariado possuem a
marca do autoritarismo diante das reivindicações do povo e da
subserviência ao que se convencionou chamar de "máfia do transporte".
Três experiências comprovam essa constatação: a luta da juventude em
abril de 2013, que derrotou o aumento das passagens a revelia do
prefeito, que foi obrigado a atender a uma decisão judicial; o
engavetamento dos projetos elaborados durante a ocupação da Câmara de
Vereadores, que apresentavam propostas sobre o passe livre e o fim do
segredo nas contas das empresas, e a recente e vitoriosa greve dos
rodoviários, onde a prefeitura se negou a intermediar qualquer
negociação entre patrões e trabalhadores, pois já estava no lado da
patronal há muito tempo.
A licitação de Fortunati está a serviço dos empresários do transporte
2- Retomar esse histórico tem importância no momento devido a iminência
da abertura de uma licitação que pautará o modelo de transporte da
capital. Fortunati se fechou novamente para o diálogo com o povo,
ignorando o debate com os movimentos sociais. Em momento algum esteve
colocada a possibilidade de participação do Bloco de Lutas e dos
rodoviários de igual para igual nas Audiências Públicas realizadas sobre
o tema. Não existe intenção por parte da prefeitura de realizar um
verdadeiro debate democrático.Os principais protagonistas das ações
populares foram deixados de lado, tudo para realizar uma mudança para
pior no transporte público, conforme já observamos nas declarações que
afirmam a intenção em rever as isenções, manter as péssimas condições de
trabalho dos rodoviários e aumentar as passagens no mês de abril. Todo
processo é um jogo de cartas marcadas. A inexistência de um processo
licitatório era a prova cabal do conluio criminoso existente na
administração do transporte, mas a resposta da prefeitura visa trocar 6
por meia dúzia e não ataca a raiz do problema, que é a predominância da
iniciativa privada no transporte, que o transforma em fonte de lucro
para poucos e sofrimento para muitos.
3 - Por isso, acreditamos
que a tarefa central do movimento nesse momento é somar forças para
apresentar ao conjunto da população a proposta de uma Porto Alegre 100%
CARRIS, com o transporte estatizado sob o controle dos trabalhadores,
sem pagamento de indenização aos empresários que por anos lucraram
ilegalmente. Não restam dúvidas que precisamos de uma mudança radical e
temos certeza que só concretizaremos esse programa com um setor massivo
da população nas ruas novamente.
Qual caminho devemos seguir?
4 - Nesse sentido, mesmo discordando da forma como foi realizada a
Audiência e a truculência absurda da Guarda Municipal de Porto Alegre
orientada pela Prefeitura, também discordamos das ações realizadas por
setores do movimento durante a realização do evento. Em nossa opinião, a
melhor forma de denunciar para a população a farsa da licitação e
divulgar nossas pautas, era ocupando o espaço das falas no plenário e
mantendo nossa agitação nas arquibancadas. Não para legitimar o circo
armado, que por sinal teve seu objetivo cumprido pela prefeitura que já
garantiu a validade jurídica da Audiência, mas para demonstrar
claramente que existem duas propostas em disputa e evitar a ofensiva de
criminalização da mídia e a tentativa demagógica de Fortunati, que agora
quer posar como o democrático perante a população. Os incidentes
criados na Audiência vão acabar aumentando a confusão na cabeça do povo,
alimentado pelas informações da mídia manipuladora. Já está provado que
ações isoladas da população não agregam, mas a afastam das
manifestações e massificar novamente os atos deve ser a nossa meta.
5 - Estamos numa conjuntura marcada pelo aumento da polarização social.
O ascenso das lutas se demonstra na greve dos operários do COMPERJ que
em assembleia com 20 mil trabalhadores mantiveram os mais de 30 dias de
paralisação, na vitória dos garis, que pararam em pleno carnaval carioca
e demonstraram que na Copa também vai ter luta e na histórica greve dos
rodoviários de Porto Alegre. Ao mesmo tempo, segue a ofensiva de
criminalização do movimento por parte dos governos que investem cada vez
mais em armamentos e esquadrões anti mobilizações nas PMs e já
autorizaram o uso do Exército; querem aprovar nas próximas semanas as
leis antiterror e de controle das mobilizações; e prosseguem com os
inquéritos aos ativistas do Bloco de Lutas. O momento é estratégico pois
estamos a menos de 100 dias da Copa e o grande medo dos governos e da
FIFA é que roubemos a cena novamente e conquistemos vitórias. Devemos
nos inspirar nos exemplos da classe trabalhadora que protagonizaram em
2014 movimentos coletivos e unificados e conquistaram vitórias. Devemos
retomar a construção de uma pauta unitária do movimento onde prevaleça a
ação coletiva para retomar o caminho de diálogo com a população com o
objetivo de massificar novamente os protestos. Somente assim vamos
derrotar os governos e a burguesia e obter vitórias.