13 de julho, quebra-se o canal de diálogo com os parlamentares!
Era madrugada do dia 13 quando a Comissão de Interlocução, votada na
assembléia da noite anterior, terminou a reunião com os Vereadores. Traziam uma
novo proposta, onde os vereadores se comprometiam a protocolar no Executivo,
ainda na segunda-feira, o projeto de lei do passe-livre formulado pelos ocupados,
também se comprometeram a abrir um processo de discussão na Cârama sobre um
projeto de abertura de contas das empresas do transporte público, a ser votado
na volta do recesso parlamentar e também se comprometeram com a realização de
uma Audiência Pública tocada pelo Bloco de Lutas ainda em Julho. Todas essas
propostas estariam condicionadas a desocupação da Câmara ainda no domingo.
Na manhã do Sábado (dia 13) o Bloco de Lutas realizou uma nova
assembléia para deliberar sobre a
proposta dos vereadores. Como tem sido, uma assembléia com o plenário da Câmara
lotado. De forma geral os presentes concordaram com as propostas dos
parlamentares, porém divergiam quanto a data da desocupação. A formulação final
estava entre acatar a proposta dos vereadores, saindo no domingo a noite e
garantindo a vitória da ocupação, sair
na segunda-feira pela manhã e uma terceira proposta que colocava de não
indicarmos uma data de saída. O PSTU defendia a primeira proposta, por
acreditar que a correlação de forças não está fácil, que os parlamentares já
haviam consentido vitórias suficientes para embarcarmos uma nova campanha,
agora contra o executivo, agregando mais pessoas em atos e passeatas de rua.
Porém essa não era a opinião de muito dos presentes, entre eles o PT, a CST
(PSOL) e grupos de anarquistas, e na
possibilidade de a assembléia não indicar uma data de saída, o que
impossibilitaria qualquer forma de negociação com os parlamentares, os
militantes do PSTU e outras organizações retiraram a proposta da saída na noite
do domingo para fechar uma proposta única de saída para a manhã de
segunda-feira. Proposta votada por ampla maioria na plenário.
Com base nessa nova decisão a Comissão de Interlocução se reuniu
novamente com os parlamentares. Apresentaram que os ocupados tinham acordo com
75% das propostas, divergindo apenas da data de saída. De forma irresponsável e
prescipidada o Presidente da Câmara de Vereadores Thiago Duarte (PDT) fechou o
canal de diálogo com os manifestantes e na mesma tarde protocolou um pedido de
reintegração de posse da Câmara de Vereadores, pedido deferido pelo Juiz, mas
ao contrário do que solicitado, a reintegração só pode acontecer a partir de
segunda-feira às 6h.
14 de julho, 5º dia de ocupação.
A manhã de hoje foi marcada pela continuidade do seminário, começado
na tarde de sábado, que está construindo uma proposta de lei de passe-livre para
ser apresentado para os vereadores. Foram realizados GDs sobre passe-live,
transparência das contas públicas e e transporte 100% público, também foi
realizado um debate com os rodoviários Afonso e Felipe e o professor Schimitão
do Núcleo de Economia Alternativa da UFRGS para instrumentalizar a construção
do projeto de lei.
Na tarde desse domingo será votada em plenária a proposta de lei do
passe-livre do Bloco de Lutas. Também está previsto, para o início da noite,
uma assembléia para decidir sobre a desocupação, prevista para às 9h de
segunda-feira. A ocupação ainda tem como tarefa a tentativa de reabertura de
diálogo com os vereadores. Nossas reivindicações são legítimas, a população
está do nosso lado. Os trabalhadores de Porto Alegre esperam uma resolução para
esse impasse. A eminente possibilidade de despejo coloca sobre os ombros da
mesa diretiva da Câmara de Vereadores e do Governo do Estado do Rio Grande do
Sul (comandante da Brigada Militar) a responsabilidade de evitar uma tragédia.
São mais de 200 ocupados na Câmara que estão a mais de 7 meses nas ruas, se
enfrentando com a truculência da polícia e a falta de diálogo dos governantes.
Carregam consigo a força daqueles que acreditam em seus sonhos e a certeza que
unidos podem vencer!