Na noite da última quinta-feira
as tradicionais marchas pelo centro da cidade, chamadas pelo Bloco de Lutas
Pelo Transporte 100% Público, deram lugar a um ato na Praça da Matriz, onde se
encontram a Assembléia Legislativa, o Palácio da Justiça e o Palácio Piratini –
sede do executivo gaúcho. O ato fez parte do Dia Nacional de Lutas chamado por
diversos sindicatos, a central sindical CSP-Conlutas e as entidades que compõem
o Espaço de Unidade de Ação. Cerca de 15 mil pessoas encheram a praça e
as ruas ao redor para reivindicar o Passe Livre, repudiar a criminalização dos
Movimentos Sociais e dizer que preferem mais investimentos para educação e saúde
e menos para copa.
“Pois paz sem voz,
paz sem voz, não é paz, é medo!”
A estratégia da noite do dia 27
era ocupar a praça dos três poderem de Porto Alegre. Tentativa essa que foi
duramente reprimida na noite de segunda-feira pela Brigada Militar, que impediu
a marcha com mais de 20 mil manifestantes de seguir seu rumo. Porém, nessa
quinta os manifestantes se concentraram direto na Praça da Matriz, fazendo uma
ocupação simbólica desse espaço. Outra diferença dos atos anteriores foi que o
Bloco de Lutas optou por fazer um ato parado em frente ao Palácio Piratini com
a utilização de carro de som e a participação de bandas independentes. O ato
cultural, como foi chamado, intercalou fala de ativistas do movimento e músicas
de bandas como Apanhador Só. Milhares na praça cantaram juntos músicas de
protesto e entoaram palavras de ordem: “da Copa, da Copa, da Copa eu abro mão.
Eu quero mais dinheiro pra saúde e educação!”
Bloco de Lutas entrega carta para Governador
Passe Livre Já, Brasil!
Na tarde de quinta-feira, antes
do ato, o governador gaúcho anunciou na imprensa a implementação do Passe Livre
para Estudantes, já para o dia 1º de agosto. Sem maiores esclarecimentos de
como se daria o investimento ou de qual o perfil dos beneficiários. Em reunião
realizada com o Bloco de Lutas durante o ato, novamente o governador foi vago
em sua proposta, colocando que irá apresentá-la somente dia 5, sexta-feira.
Tarso foi o primeiro governador a apresentar o Passe Livre como uma possibilidade,
coisa que o movimento já vem colocando há anos. Esse anúncio só foi possível
graças ao povo na rua. Foi a pressão dos manifestantes que conquistou essa
vitória. Porém não nos deixemos iludir. Assim como o Tarso (PT) aprovou a Lei
do piso dos professores e não aplicou, e o PT na frente do Governo Federal por
diversas vezes defendeu uma bandeira do movimento na retórica, mas na prática a
ignorou – como é o caso da homofobia, não temos nenhuma confiança nesse governo.
Nossa proposta de Passe Livre passa pela estatização das empresas de
transporte, atacando o lucro do empresário. O transporte é um direito e não uma
mercadoria, o Passe Livre não pode ser apenas para estudantes! Não queremos
tirar dinheiro da educação e da saúde para o transporte, queremos que os ricos
paguem pelo Passe Livre!
“Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”
Já passava das 9 horas da noite
quando o clima na Praça da Matriz começou a ficar mais tenso. Manifestantes
foram impedidos pela polícia se seguir em marcha para outros locais do centro
de Porto Alegre. Para conter o povo, novamente utilizou-se de bombas de gás
lacrimogêneo e balas de borracha. Antes que a repressão aumentasse e tomasse
conta do ato em frente ao carro de som, o Bloco de Lutas, organizador do ato,
decidiu encerrar a manifestação. Os milhares presentes foram se dispersando aos
poucos, marchando por diferentes locais do centro da cidade. Alguns grupos que
compõe o Bloco se dirigiram ao Largo Zumbi dos Palmares encerrando a noite em
um bonito jogral (vídeo abaixo). Infelizmente, novamente muitos carros de
trabalhadores foram destruídos. Não podemos confundir a reação dos oprimidos
com a violência do opressor, porém não apoiamos que a classe trabalhadora tenha
seus carros e residências conquistadas com o suor do seu dia-a-dia destruídos
como reação a violência do estado. Essa tipo de de ação não fortalece o movimento e só dá motivos para a mídia e a polícia criminalizarem as manifestações.
Vamos seguir lutando!
As possibilidades de vitórias nos
dão mais força para seguirmos nas ruas. O movimento em Porto Alegre, iniciado em
janeiro, hoje é muito mais amplo e traz muitas pautas que há anos são ignoradas
pelos governantes. Os governos nunca trabalharam tanto em tão pouco tempo, os
empresários nunca sentiram tanto medo. A luta nos mostrou que é possível
vencer! E será na unidade com os trabalhadores que o movimento se fortalecerá.
Dia 11 de julho está marcada uma grande greve com amplos setores da classe trabalhadora.
Nós do PSTU estaremos presente, mobilizando nos sindicatos, nas fábricas, nas
universidades e escola, sabemos que a união dos explorados e oprimidos é nossa
melhor arma!