Balanço
do dia 18 de agosto
Foi
uma terça-feira histórica em Porto Alegre, com a maior mobilização dos trabalhadores
e da juventude desde os grandes atos de junho de 2013. Se levarmos em conta somente
os servidores estaduais, a assembleia do CPERS com mais de 10 mil professores e
funcionários de escola foi a maior desde 1997. Já a assembleia e a passeata unificada
dos servidores foram as maiores desde 1987, quando entraram em greve unificada
contra o Governo de Pedro Simon (PMDB).
Unificados,
foram para as ruas servidores da educação, da saúde, policiais civis (pelo
menos 5 mil), bombeiros, policiais militares, agentes penitenciários,
servidores administrativos do estado, trabalhadores da Corsan, aposentados e
estudantes. No total, 43 sindicatos participaram do movimento. Não vai ser
fácil para o governo Sartori aprovar seus projetos de ajuste fiscal e os ataques
que pretende lançar sobre nós em benefício dos grandes empresários e banqueiros.
A resistência dos trabalhadores é forte e deve se transformar na maior greve
dos últimos anos no estado.
O
Governo Sartori não tardou para mostrar a sua verdadeira face. Anunciou que
cortará o ponto de todos os servidores paralisados em um claro desrespeito ao
direito de greve. É hora de responder fazendo a maior greve que o funcionalismo
gaúcho já viu.
A Greve geral do funcionalismo
por tempo indeterminado é a única maneira de derrotar o ajuste de Sartori,
garantindo o salário dos servidores e os seus direitos!
Na
assembleia do CPERS se desenvolveu uma polêmica sobre se íamos a uma greve por
tempo indeterminado ou uma greve por 3 dias.
A
direção do CPERS, ligada a direção da CUT, apoiada na decisão da Coordenação do
Movimento Unificado dos Servidores Estaduais defendeu greve por 3 dias alegando
que se a categoria votasse greve por tempo indeterminado estaria rompendo a
unidade dos servidores e ia para uma derrota.
Os
setores de oposição ao sindicato, entre eles os militantes da Democracia e Luta,
corrente sindical impulsionada pelo PSTU, defenderam a greve por tempo
indeterminado no marco da greve geral dos servidores estaduais.
Acabou
prevalecendo na categoria o medo de ficar sozinho na greve causado pelas
intervenções da direção do CPERS e venceu a proposta da greve por três dias.
A
política da direção do CPERS e da maior parte dos sindicatos do Movimento
Unificado dos Servidores atrelada a CUT pode levar os servidores estaduais a
uma derrota. Havia nítida disposição de luta da base das categorias e a direção
do sindicato acabou por jogar para trás esse sentimento.
A
realidade é que a direção da CUT está numa linha tênue. Temem aprofundar as
mobilizações pois sabem que o caminho natural das reivindicações vai para além
de Sartori, se enfrenta diretamente com Dilma e o PT, que comandam o ajuste a
nível nacional. Da mesma forma que se negam a convocar uma greve geral
nacional, titubeiam no enfrentamento com Sartori e tentam deixar a categoria
refém do calendário eleitoral, prometendo desgaste permanente do governo até as
próximas eleições. No Paraná, a CUT e o PT abandonaram a greve da educação e a
luta pelo “Fora Beto Richa/PSDB” em troca de um acordo pela governabilidade a
nível nacional. Não podemos deixar essa lógica se instaurar por aqui, pois ela
prepara a derrota da classe trabalhadora gaúcha.
Os
projetos de ajustes fiscais de Sartori estão sendo aprovados. Já foi aprovada
na Assembleia Legislativa a LDO (lei de diretrizes orçamentárias) que prevê 3
anos de reajuste zero. O governo prepara a extinção de várias
fundações, como a Zoobotânica e a Feeps. Estão em pauta, além disso, os ataques
ao IPE, as privatizações e o parcelamento dos salários, que vai se repetir, já
que o próprio Sartori sempre o afirma em todos os seus pronunciamentos. O
Governo somente pode ser derrotado se fizermos uma greve geral unificada até
serem retirados todos os projetos. Não há dúvidas de que hoje existe uma
conjunção de forças para isso.
A
grande tarefa do movimento é construir uma forte greve nesses três dias e
preparar uma retomada da greve a partir do final de agosto /início de
setembro. Não podemos cair na lógica de reduzir a greve ao pagamento dos
salários integrais. Devemos impor também a retirada dos projetos de ajuste
fiscal que representam um ataque a todos os servidores e a sociedade.
Duas propostas para
enfrentar a crise: suspensão do pagamento da dívida e aumento da arrecadação
com o fim das isenções fiscais e combate à sonegação. Não ao tarifaço de Sartori!
A
crise das finanças públicas no Rio Grande do Sul exige uma mudança estrutural
na política econômica do estado. Este é um debate que deve ser feito com cada
trabalhador durante o processo de mobilização da greve.
Os
governos da direita, mas também os do PT, não resolveram o problema das
finanças. Pelo contrário, em todos eles a dívida pública aumentou. Ou mudamos a
lógica da prioridade do funcionamento do estado ou os serviços públicos vão
cair ainda mais de qualidade. Ou seja, se não pararmos o ajuste fiscal, o Rio
Grande do Sul vai regredir socialmente no próximo período, com a queda da
educação, dos serviços da saúde e aumento da criminalidade. Os ricos é quem
devem pagar pela crise. Nenhum centavo a mais para a dívida com a União, que
Dilma e Levy depositam diretamente no bolso dos banqueiros.
Além
disso, devemos aumentar a arrecadação do estado, mas não sobrecarregando ainda
mais o consumidor, já martirizado pela inflação. A arrecadação deve ser
aumentada nas costas de quem lucra explorando o trabalho, ou seja, cobrando imposto
das grandes empresas. Afinal, são os grandes empresários, sobretudo os do setor
exportador, que têm mais benefícios fiscais, na forma de desonerações e
isenção. Só em 2014, o Rio Grande do Sul deixou de arrecadar mais de 13 bilhões
de reais para dar esta regalia aos muito ricos, enquanto o povo trabalhador e
pobre sofre com preços altos, desemprego e amargos salários. Fora isso, estima-se
que o combate à sonegação dos impostos pelas grandes empresas ainda aumentaria
a arrecadação em cerca de 3 bilhões.
Precisamos
unir todas as lutas e enfrentar com unidade os ataques de Dilma, Sartori e
Fortunati
O
grande ato de terça-feira foi apenas o início de um processo de mobilização que
precisa se desenvolver em larga escala. Não nos resta outra alternativa, é
preciso unir cada vez mais os servidores públicos estaduais com os grevistas do
funcionalismo federal que entram nos momentos decisivos da mobilização, seja
nas universidades, no INSS ou no Judiciário. Em Porto Alegre, os rodoviários da
Carris enfrentam a repressão de Fortunati que quer transformar motoristas e
cobradores que lutavam por melhores condições de trabalho em criminosos para
derrotar o combativo movimento rodoviário. Nesse momento, os operários da GM de
São José dos Campos resistem a centenas de demissões, numa realidade que já
atinge milhares de operários no Rio Grande do Sul.
A
saída é a luta e a construção de uma greve geral nacional, que coloque em
cheque Dilma, PT, PMDB e a oposição de direita organizada pelo PSDB e o chefe
do Congresso Nacional, Eduardo Cunha.
Direção Estadual do PSTU
Me desculpem foi mais de trinta e cinco mil. Sim no mínimo quarenta.
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