Casais homossexuais promovem beijaço em Porto Alegre
Ato simboliza repúdio ao preconceito e à discriminação
Casais homossexuais promoveram, às 12h30min de hoje, o Beijaço de Porto Alegre contra a homofobia na Esquina Democrática. O ato foi articulado por gays e lésbicas em repúdio ao preconceito e à discriminação. As trocas de beijos chamaram a atenção das pessoas que caminhavam pela rua dos Andradas. Algumas ficaram surpresas com o que viam. Outras, inclusive, aplaudiram a iniciativa em defesa da aprovação do projeto de lei 122/06, que tramita no Congresso e dispõe sobre a criminalização da homofobia e estabelece aos homofóbicos penas semelhantes às imputadas à prática do racismo.
“O Beijaço de Porto Alegre foi um ato simbólico para manifestar uma forma de amor, independentemente da expressão sexual”, salientou a universitária Lisiane Storniolo, integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre! (Anel). Ela ressaltou que o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, elaborado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), revela que, em 2010, 260 gays, lésbicas e travestis foram vítimas de homicídio motivado pelo ódio no Brasil.
No ranking nacional, o maior número de crimes ocorreu na Bahia, onde foram contabilizadas 29 ocorrências. O Rio Grande do Sul ocupa a 20ª posição, com quatro assassinatos. Lisiane lembrou que, aos moldes do ato ocorrido hoje, em 27 de abril estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais também se manifestaram através do Beijaço Gay para protestar contra a homofobia. O ato foi motivado por um ato de violência praticado contra um casal gay em uma recepção de calouros no campus.
O vice-presidente da ONG Liberdade, Clóvis Ribeiro, a Clô, defende que os homossexuais têm os mesmos direitos dos heterossexuais. “Não mais suportamos ver sorrisos irônicos e olhares desconfiados. Respeitamos para sermos respeitados”, frisou. A coordenadora estadual da Central Sindical Popular - Conlutas (CSP-Conlutas), Vera Guasso, defendeu a necessidade de respeito à liberdade de escolha. “Precisamos acabar com a violência física, moral e social no país”, disse.
O defensor público da União, Fabrício Pires, participava de uma atividade na Esquina Democrática e aproveitou para acompanhar o Beijaço de Porto Alegre. “O ato, como movimento social, é positivo. É totalmente repudiável discriminar uma pessoa por sua opção sexual”, assinalou. O também defensor público da União, Alexandre Vargas, lamentou haja necessidade de atos como o ocorrido na Esquina Democrática para exigir respeito. Mesma opinião tem a coordenadora administrativa Luciane Barreto, 32. Por outro lado, admitiu que fica “desconfortada” ao ver casais homossexuais trocando beijos. “Não sou preconceituosa. Infelizmente ainda não me acostumei com a ideia”, comentou.
Fonte: Luciamem Winck / Correio do Povo