A chuva torrencial que atingiu Porto
Alegre no final da tarde não foi suficiente para diminuir a disposição de luta
de jovens e trabalhadores que protagonizaram na última segunda-feira e nesta
quinta-feira as maiores mobilizações em Porto Alegre em vários anos.
É preciso lutar é possível
vencer!
Nessa quinta-feira milhares de jovens voltaram as ruas em Porto Alegre
para lutar contra os aumentos de passagens. Mesmo sob intenso temporal cerca de
5 mil estudantes e trabalhadores reuniram-se em frente a prefeitura para exigir
a revogação do último aumento de passagens. Com palavras de ordem como: “Pode
chover! Pode molhar! Mais um aumento eu não vou pagar!”, “Mãos ao alto! Esse aumento
é um assalto”, “Fortunati ladrão, mais um aumento não”, “Povo na rua: Fortunati
a culpa é tua” e “TRI cara, TRI demorado e ainda por cima TRI lotado” os
manifestante tomaram as principais ruas do centro da cidade chamando a
população nos terminais de ônibus a também participarem do protesto: “Vem, vem,
vem pra luta vem! Contra o aumento”.
O movimento tem sua primeira
vitória.
A força das ruas criou as condições para se dar um primeiro passo para
revogação definitiva das passagens. “A partir de amanhã,
a passagem volta a custar R$ 2,85 na cidade! Desde janeiro, sabíamos que isso
era possível!” diz Matheus “Gordo” uma das lideranças do movimento, coordenador
do DCE da UFRGS e da juventude do PSTU de Porto Alegre. E continua:
“Organizamos nosso movimento com a certeza de que a pauta era justa. Sempre
fomos confiantes, pois vivemos o dia-a-dia da
cidade de fato, sabemos que a população está indignada com os aumentos e a
situação do transporte público. Nosso direito de ir e vir não é mercadoria. Se
Fortunati não sabia, nós estamos ensinando!”
Na tarde dessa quinta-feira, um pouco antes do início da manifestação,
foi aceito o pedido de liminar feito na 5ª Vara da Fazenda Pública de Porto
Alegre que suspende o aumento de
passagens na cidade. De acordo com o juiz da ação “Há fortes indicativos de
abusividade no aumento das passagens, de conformidade com aprofundada análise
realizada pelo Tribunal de Contas do Estado”. Ainda justifica o juiz: “Inegável
é o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. Sabido que a esmagadora
maioria dos cidadãos que utilizam freqüentemente esse serviço público de
transporte são pessoas de parcos recursos e raramente dispõem de outros meios
alternativos de locomoção. Desse modo, acabam tendo um comprometimento
considerável da renda utilizada para a manutenção dos mesmos e de seus
familiares. Portanto, partindo-se da premissa da ilegalidade do aumento, fica
evidente a lesão grave e irreparável justificadora da tutela antecipada”
Tribunal de Contas do Estado
realizará nova auditoria sobre preço das tarifas!
O Ministério Público de contas solicitou uma nova inspeção complementar
sobre o preço das tarifas levantando 10 pontos a serem esclarecidos com a
Empresa Publica de Transporte e Circulação (EPTC) como: a margem de lucros da
empresa (a planilha de custos prevê 6,7% de margem de lucro, mas a auditoria do
TCE indicou que a média que tem sido aplica é muito superior); a qualidade do
serviço (cresceram as reclamações por superlotação e falha no cumprimento da
tabela de horários) e inexistência de licitação (verificar como anda o processo
para a realização de licitação, que há anos não ocorre na capital gaúcha).
Porto Alegre está viva!
O 8ª ato do Bloco de Rua contra o aumento das passagens é apenas mais
uma demonstração que a cidade está pulsante, que a cidade está viva. Em Porto
Alegre estudantes e trabalhadores saem às ruas na defesa dos interesses
públicos rompendo com a lógica do “não tem jeito mudar”. Exemplos não faltam de
atos e mobilizações que tem movimentado a capital gaúcha. Esse ano já foram 8
atos contra o aumento da passagem, já tivemos atos em Defesas dos Espaços
Públicos, contra o corte de árvores perpetrado pela prefeitura, em defesa da
Vila Liberdade e contra os despejos da Copa, e em defesa dos espaços culturais.
Todos esses atos tinham como alvo direto o Prefeito Fortunati (PDT) que tem
transformado Porto Alegre no playground
dos empresários que almejam grandes lucros com a Copa do Mundo, em detrimento
da defesa dos interesses dos trabalhadores.
A luta não pode parar!
Após os manifestantes protagonizarem um
escracho público na seda da EPTC, responsável pelos cálculos do preço da
tarifa, dirigiram-se ao Largo Zumbi dos Palmares onde o ato teve fim. No caminho era nítido o clima de vitória e
a certeza de que para garantir a revogação, lutar pela redução e manter os
direitos o movimento não pode parar!
A
necessidade de conquistas ainda são muitas: de imediato, deve-se lutar pela
redução da tarifa para R$ 2,60, como já indicou o TCE. Não há dúvidas que enquanto o transporte estiver nas mãos dos
empresários, qualquer vitória é parcial. Para isso é preciso exigir a
estatização do transporte, sob controle da população trabalhadora e da
juventude, e o passe livre para estudantes, desempregados, deficientes!
Além disso, muito importante, é a luta pela defesa dos direitos já conquistados, como o meio-passe e o passe-livre para os idosos, que estão sendo atacados pela prefeitura e empresários do transporte público. Nenhum direito a menos!