23 de nov. de 2015

Chega dos privilégios e das maracutaias dos políticos


A classe trabalhadora precisa tomar para si a tarefa da construção de outro modelo de sociedade

Por Manoel Fernandes - Direção do PSTU Gravataí

Há lama por todo lado, como em de Mariana, mas esta é a que cobre o cenário político no país, e que igualmente tem provocado incontáveis catástrofes sociais de toda ordem, e como na política, tem empresas poderosas envolvidas na origem deste absurdo, cenário que também pode ou poderia ser evitado a partir de conselhos e outras instituições a serviço do povo trabalhador, pois, as atuais estão nas mãos de quem ganha e muito com a continuidade de tudo que aí está. A mudança só pode vir com muita participação da classe trabalhadora, tomando para si a tarefa da construção de outro modelo de sociedade, com outros princípios, com outros propósitos.

A situação de dificuldades econômicas vividas pelos trabalhadores que estão perdendo seus empregos, chega a dez mil demissões por dia no país, não abala em nada a conduta dos políticos. O caos da saúde pública, a longa espera por um tratamento, que pode significar continuar vivendo ou não, o fechamento de hospitais públicos, que chega a um por semana, não incomoda os deputados e vereadores. O sucateamento da educação pública, que só este ano o governo federal retirou mais de R$ 9 bilhões, levando ao esgotamento uma série de programas, o fechamento de escolas, que segundo o MEC nos últimos oito anos já são 16.705, além da rotineira e incessante desvalorização dos educadores, nada disso perturba os ditos representantes do povo nas casas legislativas, e como de resto quem governa este país, a voracidade dos partidos e dos políticos é continuar enriquecendo, votando seus altos salários, garantidos em leis que criaram. Contudo os altos salários e os privilégios dos políticos, que por si só já são um escândalo, comparando com quanto vive a maioria dos trabalhadores, é só a ponta de um iceberg, existem vários tipos de negociações e maracutaias que envolvem muito dinheiro, antes, durante e após o mandato dos parlamentares, o assalto aos cofres públicos acontece de várias maneiras, e assim como em Mariana é preciso limpar a lama e adotar outra atitude em relação a essas falcatruas com o dinheiro público.

Salários de marajás para eles e salário de fome para os trabalhadores

As explicações para esse completo descaso dos políticos tradicionais com a vida da maioria da população são de fácil compreensão, primeiro que a atividade política se tornou uma fonte de renda e tanto, neste sentido as ideologias, se é que algum partido que governa hoje teve algum dia, foram abandonadas em nome do pragmatismo, depois o arcabouço eleitoral montado leva a repetição do esquema que elege sempre os mesmos, com uma pequena alteração, mas quem chega conhece o esquema e vai sustentá-lo, para mudar esse processo tem que virar o jogo, modificando o viciado processo eleitoral atual que não é democrático e que ficou ainda pior, com as novas alterações votadas por quem ganha com isso.

Depois a imensa maioria da classe política no Brasil não precisa de emprego, vão se reeleger ou ganhar algum cargo, não dependem da saúde pública, tem bons planos de saúde e seus filhos estudam em renomadas escolas privadas, porque se importariam com as escolas públicas? Só sentindo na pele o que sente a maioria da população é que se pode lutar para mudar, o nível de vida muito elevado da classe política provoca este afastamento da realidade diária vivida pelos trabalhadores.
É por isso que os deputados federais votam o salário mínimo, estipulado pelo governo federal, de R$ 788, já seus salários são de marajás, faturam mais de R$ 33 mil e tem privilégios garantidos para moradia, transporte e outras despesas e ainda podem contratar 25 assessores, cada deputado ou senador em Brasília custa R$ 75 milhões por mês, multipliquem isso por 513 e mais 81 senadores e depois imagine onde essa dinheirama poderia ser aplicada?

Aqui no pampa não é diferente, este ano os deputados estaduais aumentaram seus salários e o do governador Sartori, cada deputado custa agora R$ 25.322, além da remuneração para manutenção da atividade parlamentar, que na verdade são mais privilégios, somando aí os custos com os incontáveis assessores, coisa que se repete em Gravataí onde o salário de vereador é de R$ 9.500, mas para engordar um pouco mais o salário tem as famosas diárias, que chegam a R$ 4 mil por dia, mas sabemos que isso não é tudo, para a esmagadora maioria da classe política isso ainda é pouco, não é o suficiente, pois entra nos cálculos a próxima eleição, a manutenção do exército mercenário militante, além é claro de sustentar seu alto padrão de vida, com carros de luxo, mansões, passeios no exterior com a família e um longo etcétera.

Os políticos e as empresas, o salário de assessores e as diárias

Este ano os escândalos, envolvendo partidos e grandes empreiteiras e construtoras, ajudam a entender como funciona o esquema que garante muito dinheiro para as campanhas eleitorais, que é a porta de entrada da corrupção. As empresas financiam as campanhas de todos os partidos, que quiserem.
Passada as eleições as empresas vão cobrar seus investimentos, e os partidos que aceitaram dinheiro são obrigados a fechar negócios para essas empresas, depois de assumirem alguma influencia política, e nisto os principais partidos estão envolvidos até a medula, e que, portanto quando vem à tona algum escândalo de propinas ou superfaturamentos envolvendo grandes partidos, como todos participam do mesmo esquema, além do impacto midiático, muito pouco será feito a respeito, se depender só dos envolvidos. O caso mais rumoroso é o que envolve o reacionário Eduardo Cunha do PMDB e seus milhares de dólares na Suíça, uma figura abjeta que como presidente do congresso tem votado matérias contra o conjunto dos trabalhadores, e que só se mantém ainda no cargo por força de um grande acordo com o PT, para não colocar em votação o impeachment da Dilma.

Aqui no estado o deputado Basegio do PDT cobrava parte do salário dos assessores, tem imagens, gravações e depoimentos, mas como muitos fazem o mesmo, tudo vai ficar como está, outra falcatrua que envolve os deputados estaduais é a alteração do marcador da quilometragem do veículo, rodando mais cobram mais, os 55 deputados receberam mais de R$ 4,5 milhões para rodar mais de 8 milhões de quilômetros, o equivalente a 10 viagens de ida e volta até a lua. E nada foi feito contra essa bandalheira até agora.

Na nossa esburacada Gravataí, a farra dos políticos com o dinheiro público também é grande, se já não bastasse o absurdo salário de mais de R$ 9 mil reais, segundo levantamento realizado no portal de transparência do legislativo municipal, nesses últimos três anos (2013, 2014, 2015), os vereadores de Gravataí já gastaram um valor superior a R$ 500 mil com diárias. Os gastos, na sua maioria, são deslocamentos para cursos, seminários e encontros em diversos estados, com a possibilidade de viagens para o exterior. Os cinco primeiros da lista são: Everton Tristão (Alemão Kipão) do PT: R$ 42.442,35, Evandro Soares do DEM: R$ 42.133,23, Carlito Nicolait do PT: R$ 42.000,90, Roberto Andrade do PP R$ 37.971,60 e Alex Tavares do PMDB R$ 37.221,03, enquanto esse bando embolsa mais essa graninha a população sofre diariamente em busca de atendimento médico e de outras demandas, até quando?

Enquanto se fecham escolas, hospitais e empregos a classe política vive como se fosse numa ilha, cercada de privilégios por todos os lados, nada parece abalar as estruturas do poder neste país, e ao que tudo indica se depender dos mesmos, isso não muda, será mesmo?

O mandato de um vereador deve estar a serviço das lutas da cidade

Nós do PSTU defendemos em nossas campanhas que os salários dos parlamentares sejam o mesmo que recebe um operário especializado, um representante tem que viver nas mesmas condições em que vive a maioria da população e nosso combate aos privilégios faz parte de nossa conduta nas organizações que dirigimos, contudo de 2013 para cá elegemos vereadores em Natal e Belém.
Tanto a Vereadora Amanda Gurgel, professora da rede pública em Natal, como o vereador Cleber Rabelo, operário da construção civil de Belém, continuam a receber salários de professora e operário. Amanda e Cleber apresentaram projetos para que o salário de vereadores fosse idêntico ao de uma professora ou de um operário, projetos que foram derrotados, onde, infelizmente, o PSOL também votou contra.

Para o PSTU um parlamentar deve estar a serviço das lutas da classe trabalhadora, do povo pobre, da juventude e contra as opressões. Nossos vereadores estão na linha de frente apoiando e impulsionando as lutas e reivindicações.
Mas não basta vereadores combativos, somente com a organização dos explorados e oprimidos nas lutas diárias é que poderemos avançar para uma sociedade mais justa, uma sociedade socialista, através de uma Revolução que instaure um o governo dos trabalhadores com seus conselhos.

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