24 de set. de 2010


PSOL-RS ANUNCIA APOIO À CANDIDATO DO LULA

Giovanni Mangia - Pela Direção estadual do PSTU

Um fato novo ocorreu na conjuntura eleitoral no Rio Grande do Sul, mais uma vez o Movimento de Esquerda Socialista (MÊS), grupo político de Luciana Genro, surpreendeu sua própria militância. Nesta última quinta-feira (23), o PSOL-RS convocou uma coletiva para anunciar a fatídica decisão de retirar da disputa ao Senado uma de suas candidaturas em apoio à do governo Lula/Dilma. A declaração de apoio ocorre no melhor momento da campanha de Paulo Paim (PT), com todas as pesquisas indicando um crescimento consolidado na segunda colocação. A liderança nas pesquisas de Dilma e a Tarso Genro no Rio Grande Sul – com possibilidade concreta de vitória no primeiro turno - é outro aspecto que cria um ambiente de estabilidade no crescimento da candidatura de Paim.

Pedro Ruas justificou tal decisão da seguinte forma:"Temos uma clareza muito grande em relação ao nosso compromisso com a classe trabalhadora, e apesar das divergências profundas às grandes alianças, das quais o PT participa - divergências sérias, políticas, ideológicas e de método -, há uma questão que extrapola essas divergências, que é o risco de elegermos dois candidatos da direita para o Senado", disse Ruas. Uma declaração no mínimo estranha em uma conjuntura eleitoral onde o presidente Lula e o PT construíram uma aliança para governar o país que acabou igualando os três candidatos que lideram as pesquisas na disputa ao senado. O PMDB, de Germano Rigotto, indicou o candidato à vice-presidente na chapa de Dilma e foi assediado por amplos setores para representar nestas eleições uma histórica chapa PMDB-PT em solo gaúcho. O Partido Progressista, de Ana Amélia Lemos, é base de sustentação do Governo Lula e representa um dos principais setores que está sendo beneficiado no governo federal, o agronegócio. O problema não são as alianças que o PT faz ou deixa de fazer, mas sim o projeto político que é a base e o conteúdo das mesmas

A candidatura de Paulo Paim (PT) é progressiva?

Existe um sentimento grande na vanguarda e na classe trabalhadora em geral de que a candidatura de Paulo Paim é a opção da esquerda e coerente na defesa dos direitos dos trabalhadores. Esse sentimento deve ser respeitado, mas não passa de uma ilusão. Por ser negro no estado mais racista do país e ex-metálurgico, esse sentimento se fortalece. Mas a realidade mostra que Paulo Paim é apenas um porta voz de um projeto político de conciliação de classes, que beneficia o grande capital e reforça a política econômica vigente no pais. Como pode ser progressiva, no ponto de vista da oposição de esquerda ao PT, uma candidatura que apóia integralmente as diretrizes que sustenta o projeto político e econômico no país? Respeitando as devidas proporções, esta é a mesma ilusão que a maioria da classe trabalhadora tem no presidente Lula.

Sua luta em defesa dos aposentados e da previdência não é coerente. Paulo Paim votou na reforma da previdência em 2003 que aumentou o tempo de serviço e contribuição dos servidores públicos. As divergências pontuais não anulam o acordo político global.

O Estatuto da Igualdade Racial foi descaracterizado. Foram suprimidas do texto original do estatuto todas as expressões que se referem ao termo “raça”, “racial”, “étnico-racial”, bem como suprimiu as expressões “derivadas da escravidão” e “fortalecer a identidade negra”, pois segundo os senadores, geneticamente raças não existem. Além disso, não prevê a definição de verbas para a criação de trabalho, moradia, hospitais e escolas públicas de qualidade para os trabalhadores que em sua grande maioria são negros e negras, favelados, superexplorados, discriminados e oprimidos em nosso país.

Analisando essa realidade fica muito difícil para os militantes honestos da esquerda socialista seguirem esta orientação política. Afinal de contas, qual é o grande perigo que está na disputa ao senado no RS, caso venha a vencer quaisquer uns dos três candidatos que são base de sustentação do projeto político da frente popular? Em nossa humilde opinião não há nenhum perigo, pois todos serão base de apoio do governo Dilma e seguirão as orientações do Planalto.

Precisamos fortalecer a oposição de esquerda e não os candidatos do PT

O raciocínio formal e superficial da decisão do PSOL-RS, que levou o partido a sacrificar uma de suas candidaturas ao senado em favor da candidatura petista, abre um novo capitulo das elaborações políticas de Roberto Robaina e de seu grupo. Se forem coerentes com a nova elaboração, de apoiar uma candidatura para impedir a vitória da direita, os companheiros/as deixam em aberto inclusive a possibilidade de declarem apoio as candidaturas de Dilma e Tarso, caso haja um segundo turno nas eleições. Isso é um grande erro que enfraquece a luta contra o projeto político e econômico que está sendo aplicado no país.

A divisão da esquerda que esse setor impulsiona há anos, com um veto quase que permanente a qualquer frente eleitoral e unidade com o PSTU, combinado com uma a defesa de um programa político rebaixado, de conciliação de classes e financiado pela patronal – como ocorreu nas eleições de 2008 com o financiamento da Gerdau, Taurus, Marcopolo, etc. – demonstra qual o caminho que estão trilhando. A decisão de apoiar a candidatura do PT ao senado em nenhum momento pode ser classificada como um apoio critico, pois a declaração oficial se limita a dizer genericamente que existem diferenças políticas com o Senador, mas, em nossa luta contra os ataques da previdência e aos aposentados, preferimos o seu nome na comparação com os outros candidatos das grandes coligações.”  (Nota da executiva estadual do PSOL).

Sobre a luta especifica em defesa da aposentadoria, o PSOL-RS nem se preocupou em construir uma carta compromisso com o senador do PT, que servisse como base programática mínima para declarar apoio. É de conhecimento de todos que haverá uma nova reforma da previdência no próximo governo, qual será a postura de Paulo Paim? Ninguém sabe. Na verdade, o MÊS operou uma manobra eleitoral e midiática para colocar a imagem de Luciana Genro e Roberto Robaina – ambos candidatos nas eleições – ao lado de um candidato com apoio de massas, mesmo que esse seja do PT, para ganhar votos a partir de um fato político na reta final da campanha.

A decisão de apoiar Paulo Paim é incoerente, inclusive, com a principal disputa eleitoral do PSOL que é a eleição de Heloisa Helena ao senado. Ou será que os militantes e a direção do MÊS não estão informados que Paim apóia Renan Calheiros em Alagoas?

Vera Guasso é a opção da esquerda socialista ao senado

Os setores críticos a decisão da direção estadual do Psol não podem se limitar a uma postura tímida de aguardar uma disputa interna futura. A disciplina partidária em mais um caso polêmico patrocinado pelo MES cobrará seu preço no futuro. O PSOL precisa mudar de rumo para restabelecer à unidade política e programática necessária para fortalecer a oposição de esquerda no futuro governo Dilma. Nesse sentido, uma demonstração pública desses setores seria oficializar o apoio a candidatura de Vera Guasso como segunda opção na disputa ao Senado, em contraponto a decisão de apoiar a candidatura do PT.

Nossa candidatura ao Senado, representada por Vera Guasso, é a alternativa natural de milhares de ativistas, militantes e de todas as pessoas que estão na luta para fortalecer as reivindicações da classe trabalhadora em geral. É uma candidatura independente, classista, socialista, feminista e contra todo tipo de opressão gerado pelo capitalismo. Está com 2% ou 3% as pesquisas e na região metropolitana de Porto Alegre chega a 6%. Um patrimônio político construindo há anos e fortalecido nessas eleições, apesar do boicote permanente da mídia.

O PSTU gaúcho está aberto ao dialogo que contribua para unir forças na defesa dos trabalhadores e que fortaleça a luta pelo socialismo.

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