26 de dez. de 2012

Nota da juventude do PSTU/RS: A Análise estranha da realidade




Já é lugar comum falar que o Movimento Estudantil, o ME, passa por um momento de reorganização. Uma reorganização objetiva, que independe de organizações e entidades e se dá, antes de tudo, pela experiência dos estudantes no movimento estudantil.

É quando os estudantes estão em movimento que as experiências são mais profundas, e trazem maiores conclusões. Esse ano a UFRGS foi balançada pela Greve Nacional das Federais e não é errado dizer que foi na FACED o centro da greve dos docentes. Esse elemento é fundamental para análise das eleições para o DAFE.

Assim como na física, na política todo movimento gera uma reação. As estudantes do DAFE ao se colocarem ao lado dos professores e técnicos administrativos em greve e ao lado daqueles que defendem a educação pública e de qualidade sabiam que os setores mais reacionários buscariam dar uma resposta.

Tal elemento conjuntural não está acima de elementos fundamentais que fizeram a gestão se dividir. Elementos comuns a todo DA e CA, como balanço da atuação de integrantes da gestão e balanço de atividades que não saíram da forma que devia. Balanços necessários, mas que também não estão acima de um programa e política.

Nós da ANEL, fazemos o balanço e sabemos de nossa responsabilidade por ser um dos maiores setores dentro da antiga gestão, nunca nos eximimos desse fato. E mesmo com todas as dificuldades e relações pessoais comprometidas fizemos um chamado as companheiras e companheiros de luta da FACED para a construção de uma chapa ampla, de luta, democrática e feminista que pudesse levantar alto a bandeira da greve, da mobilização e organização estudantil.

Contávamos com isso que nessa nova frente única pudéssemos de forma madura superar nossas desavenças e oferecer as estudantes um DAFE de luta.

Mas infelizmente nem todos os setores de esquerda responderam a esse chamado da forma que esperávamos e, no que foi uma surpresa para nós, a Juventude LiBre (com quem compúnhamos uma unidade no DCE) aliou-se com militantes e organizações do PT, UJS (PC do B) e próximo ao PDT - ala Zacher - numa chapa constituída com o principal eixo sendo: “um DAFE que não sirva para interesses de partidos, de coletivos ou de indivíduos” (item nº1 da Carta de Princípios), ou seja, um claro discurso reacionário muito usado pelo DCE Livre em anos passados.

A estranheza a realidade de algumas análises comparam DAs e CAs com histórias totalmente diferente de lutas e militantes com o intuito furtivo e desonesto de tirar algumas conclusões e não vêem que a unidade no DAECA está embasada num programa diferente da unidade feita na FACED. A chapa do DAECA “Consciência Crírica”, da qual fazemos parte, não foi constituída na negação da organização estudantil. Se houve um deslocamento no DAECA, foi dos setores governistas para esquerda, e não dos setores de esquerda para o governo, como no DAFE. Infelizmente, o setor a esquerda da chapa de oposição, rebaixou seu programa e mostrou, na pratica, seus métodos e concepções de movimento estudantil.

@s estudantes da Pedagogia fizeram sua opção, de forma democrática escolheram um programa para o próximo ano e respeitamos isso. Mas não ficaremos paradas, pois se é verdade que o DAFE tem uma nova gestão, é verdade que, também, tem uma nova oposição!

Se o presente é de luta, o futuro nos pertence!


Porto Alegre, 20 de dezembro de 2012

Juventude do PSTU


10 de dez. de 2012



PUNIR OS QUE PATROCINARAM E SE BENEFICIARAM COM O GOLPE

O golpe de 1964 foi um movimento imperialista, tendo a frente os militares como instrumento a serviço do capital financeiro e industrial.
O dinheiro que o patrocinou vinha via IBAD e IPES, coordenado pelo general Golbery de Couto e Silva. Financiavam campanhas parlamentares com contribuições dos bancos Royal Bank of Canada, Bank of Boston e First National City Bank. Quem depositava na sua conta, eram empresas como Texaco, Shell, Esso Brasileira, Standard Oil of New Jersey, Texas Oil Co, Gulf Oil Bayer, Enila, Shering, Ciba, Cross, General Eletric, IBM, Remington Rand, AEG, Coty, Coca-Cola, Standard Brands, Cia de Cigarros Souza Cruz, Belgo Mineira, US Stell, Hanna Mining Corp, Bethlehem Stell, General Motors, Willy Overland e o IBEC.[2]
Destas empresas vinha também o dinheiro para subornos dos agentes do Estado, empresas como General Eletric, Ericsson, Goodyear, Lockheed e Coca-Cola foram denunciadas por corromper funcionários do governo Geisel.[3]
Segundo o depoimento do ex-governador Paulo Egydio Martins o apoio financeiro por parte de empresários conspiradores serviu para reequipar o II Exercito, dando condições para que as tropas seguissem para o sul do pais, com o objetivo de enfrentar o III Exército, que sob a influencia de Leonel Brizola poderia resistir ao golpe. “Esse grupo que reequipou o II Exercito através de contribuições de empresas paulistas[4]
SUSTENTARAM OS APARATOS DE REPRESSÃO
As multinacionais e a grande burguesia brasileira não somente apoiaram o golpe de 1964, mas também sustentaram os setores mais nefastos da repressão durante a ditadura.
Para entender o que significa isso basta lembrar que os paramilitares tinham fazendas, sítios e bases clandestinas que serviam para torturar, seviciar, estuprar e matar.
A Casa da Morte em Petrópolis teve seu aluguel pago regularmente. O delegado Sergio Fleury arregimentou dinheiro com seus patrocinadores para comprar sitio 31 de março em Parelheiros. Onde muitos militantes foram mortos.
Em São Paulo também havia uma casa na avenida 23 de maio, e um sitio na região de Atibaia. Assim como foram denunciados um sitio em Sergipe, usado pelos órgão de segurança de Salvador; um apartamento em Goiânia; e uma casa no Recife[5]
Davam também veículos e combustível. Os que agiam nestes grupos ilegais, e os voluntários, recebiam recompensas, gratificações, salários complementares, abonos e comissões.[6] Inclusive com contas clandestinas, com nomes frios, nos bancos que os patrocinavam.[7]
Se estes agentes fossem denunciados e demitidos tinham seus empregos garantidos em empresas de segurança e em multinacionais. Há casos de “cachorros”[8] que tiveram o mesmo destino. Afinal como se pensa que sobrevive o Cabo Anselmo até hoje em seu esconderijo.[9]
O PATROCINIO DA OBAN
O patrocínio da sangrenta Operação Bandeirantes, OBAN, foi feito diretamente pelos empresários paulistas, com a coordenação da FIESP. O Presidente da FIESP, Theobaldo de Nigris, cedia a sede da entidade para reuniões arrecadatórias.[10]
O próprio presidente Ernesto Geisel admitiu: “Houve muita colaboração entre o empresariado e os governos estaduais. A organização que funcionou em São Paulo, a OBAN, foi obra dos empresários paulistas[11]
Os jornais também sustentavam a repressão. Grandes meios como: os Diários Associados, Jornal do Brasil[12], Rede Globo[13], O Estado de São Paulo[14] e a Folha de São Paulo[15].
O delegado José Paulo Bonchristiano[16] declarou que Roberto Marinho, “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”. Também afirma que podia telefonar a qualquer hora para Octávio Frias de Oliveira, dono da Folha de S. Paulo “para pedir o que o DOPS precisasse”. [17]
O documentário “Cidadão Boilesen” na mesma linha, quando menciona que a Folha, de Frias, cedia automóveis para serem utilizados por agentes da repressão em ações de campana, busca e captura de militantes de organizações políticas. Ações confirmadas por Élio Gáspari em seu livro “Ditadura Escancarada” [18]
O coronel Erasmo Dias garante que “o Julio de Mesquita Filho, quer dizer, O Estado de São Paulo, também as ‘escancas’ nos apoiou, não tem duvida. E outros empresários, aquele lá de Osasco, Vidigal nos apoiou nunca esconderam e o apoio para nós era importante não só informação, com estrutura, e era para nós uma participação que interessava”[19]
Bancos como o Itaú de Olavo Setúbal, Bradesco de Amador Aguiar [20] e Sudameris também estavam envolvidos. “Banqueiros como Amador Aguiar, Gastão Vidigal, Moreira Salles sempre foram extremamente cooperativos com o governo. Se o governo queria baixar a taxa de juros, conversava com eles e o que a gente prometia, cumpria".[21]
Bonchristiano descreve que quando montou a Polícia Federal em São Paulo, Amador Aguiar, cedeu uma ala de seu banco para funcionar lá provisoriamente e “mandou caminhões do Bradesco carregados com o que fosse necessário para montar a delegacia da Policia Federal na rua Piauí”.[22]
Gastão Eduardo de Bueno Vidigal, do Banco Mercantil promovia reuniões no Clube Paulistano, para arrecadar fundos para a OBAN.[23]
O coronel Vernon Walters convocou o instrutor de tortura internacional, Dan Mitrione, a pedido de Magalhães Pinto, dono do Banco Nacional, para treinar 10.000 homens da Polícia Militar de Minas Gerais. Magalhães, financiou do próprio bolso o treinamento.
Na Volkswagen trabalhavam 150 guardas fardados e armados sob o comando do coronel Rudge, grande amigo do coronel Erasmo Dias; na Fiat era habito entregar a delegacia de policia operários que brigavam com a chefia; na Telefunken as viaturas do Exercito ficavam no pátio; na Caterpillar os patrões avisavam os membros da Comissão de Fabrica que seus nomes estavam prontos para irem para o SNI.[24] Fazem parte também desta tenebrosa lista a General Motors, a Ford,[25] e a Mercedes Bens.[26]
O Grupo Ultra, hoje um dos maiores grupos empresariais privados do Brasil, teve entre seus diretores o dinamarquês Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragaz, financiador da Operação Bandeirante, auxiliar direto de torturas, justiçado por militantes das organizações que faziam a luta armada. Trabalhava junto com Peri Igel. Igel era dono da Supergel empresa de alimentos congelados que fornecia refeições a OBAN.
Norberto Odebrecht o fundador da Odebrecht, durante o governo de Castelo Branco, hoje ela é a maior acionista da Braskem. A Camargo Correia tinha como presidente Sebastião Camargo, que contribuía com altas somas para a assustadora caixinha da repressão. Freqüentava os jantares na casa de Boilensen.
Em troca estas empresas receberam benefícios do governo. Garantiam seus bons lucros e benesses através de concorrências fraudulentas, isenções ficas e empréstimos.



[1] Asdrúbal Barboza do ILAESE
[2] René Armand Dreifus, 1964: A Conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe, p 207.
[3] Kurt Rudolf Mirow, A ditadura dos cartéis, anatomia do subdesenvolvimento
[4] Boilesen um empresário da ditadura: a questão do apoio do empresariado paulista à OBAN/Operação Bandeirantes, 1969-1971, Jorge José de Melo, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
[5] Lucia Romeu, A Casa das Torturas em Petrópolis, as 10 reportagens que abalaram a ditadura, p 260
[6] Autópsia do Medo, Persival de Souza, p 13
[7] Claudio Guerra em seu livro “Memórias de uma Guerra Suja”
[8] Militantes das organizações de esquerda que passavam para o lado da repressão.
[9] Lembranças de uma Guerra Suja, Cláudio Guerra depondo a Marcelo Netto e Rogério Medeiros, p 196
[10] Pedro e os Lobos, Os anos de chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano de João Pedro Laquê, p 261
[11] Ernesto Geisel. de Maria Celina DAraujo e Celso Castro Rio de Janeiro Editora FGV. 5ª Edição, 1998. p 215
[12] René Armand Dreiffus, 1964: A conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe, Ed Vozes
[13] Publica, agencia de reportagem e jornalismo investigativo, http://apublica.org/2012/02/conversas-mr-dops/ e Lembranças de uma Guerra Suja, p 161
[14] René Armand Dreiffus, 1964: A conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe, Ed Vozes e Boilesen um empresário da ditadura: a questão do apoio do empresariado paulista à OBAN/Operação Bandeirantes, 1969-1971, Jorge José de Melo, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
[15] Carlos Guerra, Lembranças de uma Guerra Suja e Élio Gáspari (hoje colunista da “Folha”) em seu livro “Ditadura Escancarada
[16] entrevista “Conversas com Mr. DOPS”, agencia de reportagem e jornalismo investigativo, http://apublica.org/2012/02/conversas-mr-dops/
[17] Publica, agencia de reportagem e jornalismo investigativo, http://apublica.org/2012/02/conversas-mr-dops/
[18] (p. 395).
[19] Boilesen um empresário da ditadura: a questão do apoio do empresariado paulista à OBAN/Operação Bandeirantes, 1969-1971, Jorge José de Melo, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
[20] Autópsia do Medo, Percival de Souza, p 403
[22] Autópsia do Medo, Percival de Souza, p 403
[23] -Lembranças de uma Guerra Suja, Cláudio Guerra depondo a Marcelo Netto e Rogério Medeiros, p 142
[24] Murilo Carvalho e outros, Não, não é campo de concentração, Movimento, n 181, 18 a 24 de dezembro de 1978, in Octavio Ianni, Ditadura do grande capital p 85
[25] Brasil Nunca Mais, um relato para a história, p 73, 7ª Edição
[26] Pedro e os Lobos, Os anos de chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano de João Pedro Laquê, p 261