16 de dez. de 2010

PELOTAS

Reflexões Sobre a Greve do Transporte Público


A quarta feira, 15 de dezembro, começou sem transporte público em Pelotas. Sem dúvida, um sofrimento a mais para todos aqueles, trabalhadores e estudantes que precisam se deslocar entre os diversos pontos da cidade. Entretanto, o que poucos sabem são os reais motivos desta paralisação. Todos têm ciência de que a tarifa aumentou de valor, mas desconhecem que o salário dos trabalhadores no transporte rodoviário não foi reajustado em sua data-base (01 de novembro). Também não é de conhecimento da sociedade que os rodoviários não dispõem de um plano de saúde razoável e que sua família não tem direito nem ao atendimento ambulatorial.


Outro aspecto desconhecido da grande maioria é que há uma média de 40 mil passageiros transportados diariamente em Pelotas e o salário dos motoristas equivale a 700 passagens. Isto significa que em, no máximo, uma semana, todos os custos da empresa são pagos. As outras três semanas do mês são os lucros. Isto significa que os trabalhadores não reivindicam nada demais.


Em verdade, todos os trabalhadores, dos mais diversos setores, deveriam unir-se e exigir salário e condições dignas de trabalho. Somente quando houver a fusão das forças de todos os explorados, será possível derrotar a ganância de governos e empresários que enriquecem às custas do suor, saúde e sacrifício do povo.


Não importa em qual segmento se desempenha as atividades, interessa é que todos os trabalhadores sofrem dos mesmos males, enquanto os patrões faturam alto. Com esta perspectiva é que se deve defender os irmãos de luta e vencer os inimigos, em vez de permitir que eles se fortaleçam, assim como os ataques à classe operária.


É muito comum se considerar que um salário de R$1.500,00 é alto para este ou aquele profissional. No entanto, não é questionada com a mesma veemência a remuneração de um vereador – R$6.938,86 em Pelotas – ou de um deputado federal, que passou de R$16.500,00 para R$26.700,00.


Enquanto isso, o povo se conforma ouvindo dizer que o salário mínimo não será maior que R$540,00, ou que a Reforma Previdenciária virá retirar mais direitos (?) e aumentar o tempo para aposentadoria de quem acorda cedo e se desdobra para dar conta do mês com seu mísero rendimento, sem direito à saúde, educação, segurança, transporte, moradia, alimentação, vestuário, higiene e lazer dignos.


Fala-se tanto em solidariedade. Este é o momento de usar tal sentimento com os companheiros trabalhadores do transporte público de Pelotas. As questões relativas à falta do serviço devem ser cobradas das empresas e da prefeitura; jamais dos trabalhadores, afinal eles são vítimas da falta de negociação – desde setembro eles desejavam negociar para a data-base – e da exploração, da mesma forma que aqueles que dependem do serviço, pagando a alta das tarifas e alimentando a ganância de poucos.


Assim, em vez de reclamar do trabalhador que exige seus direitos, deve-se reivindicar a abertura das contas dessas empresas, a estatização do transporte público com redução do valor das tarifas, além da gratuidade para estudantes e desempregados. Estes são alguns passos que levarão a sociedade ao resgate dos direitos de uma vida digna


Por Eunice Couto | Professora Estadual em Pelotas (RS)


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