4 de ago. de 2011

ARTIGO


Tonho Crocco: lições de matemática, memória e luta

Por Nathália Gasparini   
              
            Para entendermos o sistema em que vivemos, é preciso entender de números. É preciso saber que o salário de nossa presidenta foi reajustado em 133%, e dos deputados -que trabalham, em média, 10h por semana - em 73%, indo de 11,5 mil para 20 mil reais. Hoje, só com o salário dos parlamentares, o governo gasta 800 milhões de reais por ano.  Em contrapartida, Como gritou aos 4 ventos  a professora Amanda Gurgel, o salário médio de um professor que trabalha 40h é de 930 reais.  O salário mínimo aumentou 6,8% por cento, o mais baixo aumento nos últimos 10 anos. Mas a inflação aumentou 6,4%, o que faz com que o aumento do valor real do mínimo fique em 0,4%. No começo desse ano, a ANEL se somou aos movimentos sociais que fizeram esse cálculo, perceberam e denunciaram: com o mesmo valor, era possível trocar 1 deputado por 344 professores.

                Acontece que na falsa democracia em que vivemos, o grito dos movimentos sociais não é bem-vindo. Temos visto isso no tratamento aos bombeiros e professores que lutam contra esses números vergonhosos; temos visto isso na repressão aos movimentos sociais que dizem não ao anual aumento da passagem; vimos isso no tratamento aos 13 presos políticos detidos na manifestação contra Obama. 

              Mas não é só nas lutas na rua que o sistema repressivo mostra sua cara. Hoje, no Rio Grande do Sul, o rapper Tonho Crocco sofre um processo por parte do deputado Giovani Cherini, do PDT, por ter protestado contra o aumento dos deputados em um rap. Na música, o compositor chama de Gangue da Matriz e dá o nome aos 36 deputados que aprovaram seu próprio aumento. A Assembléia tenta censurar a expressão artística de protesto, reprimindo e proibindo um direito de todos: o direito à memória e à revolta.

             Nós da juventude livre e indignada da ANEL acreditamos que é preciso lutar contra esse sistema, que oprime e reprime. E para isso, temos três armas: a matemática, a memória e a luta. É preciso conhecer esse sistema e como ele privilegia os poderosos em detrimento dos trabalhadores, esmagando a grande massa da população com esses números vergonhosos; é preciso preservar a memória para não esquecer quem são esses que nos massacram; e é preciso lutar contra eles e contra esse sistema, que tenta nos impedir de nos expressar.

Apoiamos Tonho Crocco e toda e qualquer manifestação que denuncie as injustiças sociais, e fazemos coro à pergunta do rapper: será mesmo que estamos numa democracia?
Nathália Gasparini é estudante de Letras da UFRGS


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