14 de nov. de 2015

Uma Noite de Horror Por Valério Arcary


Há momentos na vida em que não há palavras.
Horror é o que melhor pode descrever o que aconteceu ontem em Paris.
O Estado Islâmico (ISIS) assumiu a responsabilidade.
Foi um ato de barbárie. Um ataque covarde contra a população civil desarmada.
Os que realizaram este massacre e os que o planejaram são assassinos.
São monstros.
Aqueles que morreram em Paris eram inocentes.
Gente comum, trabalhadores e jovens.
Mas é preciso ter a coragem de dizer que a guerra não começou ontem.
O governo Hollande não é inocente. Ele tem as mãos sujas de sangue.
Quem semeia ventos colhe tempestades.
Não é uma guerra de religião, embora o vocabulário do Estado Islâmico seja islâmico.
Não é um choque de civilizações, o “Oriente contra o Ocidente”.
É um conflito que tem suas raízes na dominação imperialista do mundo.
É a luta pelo domínio do petróleo.
É o desenlace caótico das derrotas da onda revolucionária que deslocou governos que nasceram nos anos cinquenta e sessenta inspirados no nacionalismo nasserista no Egito, que era progressivo no contexto da guerra fria, e degeneraram como ditaduras militares monstruosas (Saddam Hussein, Gadhafi, Mubarak, Assad). O Estado Islâmico recrutou oficiais sunitas da Guarda Republicana de Saddam, jihadistas que vieram da Chechênia, da Bósnia, além dos subúrbios miseráveis de Londres e Paris.
É bom não esquecer que, há muitos anos, todos os dias é 13 de novembro na Síria.
Os mortos na Síria são, também, inocentes. Assim como os refugiados que fugiram para a Europa para salvarem suas vidas.
O governo Assad utiliza todos os meios para permanecer no poder reprimindo uma rebelião que nasceu pacífica.
Os bombardeios dos EUA, da França e da Rússia na Síria, os bombardeios da Arábia Saudita no Yemen, a invasão do Afeganistão, do Iraque, os massacres na Chechênia, a limpeza étnica na Bósnia teriam consequências.
A barbárie imperialista alimentou a barbárie terrorista.
A guerra não começou ontem.
E essa guerra não é nossa.

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