28 de ago. de 2015

Visibilidade Lésbica



As lésbicas subvertem o papel da mulher na sociedade capitalista

Dia 29 de agosto é um dia desconhecido para muitos. E esse desconhecimento é um dos reflexos da invisibilidade de milhares de mulheres lésbicas. A data marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, instituído em 29 de agosto de 1996, quando ocorreu o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que reuniu mais de cem mulheres lésbicas para discutir seus direitos e os rumos do movimento. É, portanto, um dia de luta, de resistência ao machismo, ao patriarcado e a sua expressão mais nociva: a heteronormatividade (Regra imposta pela sociedade que considera a heterossexualidade como única forma de orientação sexual).

O dia 29 deve acirrar e impulsionar debates e reflexões sobre os estigmas, os preconceitos, a lesbofobia e as opressões as quais são submetidas todos os dias mulheres que amam mulheres. Mulheres que vivem e amam para muito além dos estereótipos que a sociedade machista e LGBTfóbica quer impor sobre elas.

A Visibilidade Lésbica é uma das formas de dizer NÃO! à censura e ao cerceamento dos desejos e afetos das mulheres. É uma das maneiras de romper com a heterossexualidade imposta pela sociedade, pela família, no trabalho, na militância e nos espaços de lazer.

Por muitos anos foi difícil para as lésbicas debater as suas pautas dentro do próprio movimento LGBT, por estarem submetidas à ideologia machista e lesbofóbica. Mesmo com uma mulher ocupando o mais alto cargo no executivo nacional, não ocorreram mudanças significativas que diminuíssem a violência física, psicológica e os tantos estupros corretivos que sequer aparecem como mais um número nas estatísticas.

“Você vai aprender a gostar de homem”

Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), só no último ano foram registradas, oficialmente, 326 mortes de LGBT's no Brasil, incluindo 9 suicídios. Dentre as vítimas, que não representam números reais, tendo em vista que boa parte dos assassinatos não são relacionados à LGBTfobia, 14 eram lésbicas. De acordo com a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), no País estima-se que cerca de 6% das vítimas de estupro que procuraram o Disque 100 para denúncia, durante o ano de 2012, eram mulheres lésbicas. E, dentro dessa estatística, havia um percentual considerável de denúncias de estupro corretivo. Muitos casos dessa violência, que tem como intenção do agressor mudar a orientação sexual das lésbicas, chegam ao conhecimento dos órgãos de denúncia por meio de relatos em que a vítima contraiu o vírus HIV. A LBL ressalta ainda que, entre 2012 e 2014, as mulheres lésbicas responderam por 9% de toda a procura pelo serviço.

Um detalhe desumano se destaca quando uma LGBT é atacada, violentada e muitas vezes morta: não se trata “apenas” de um desrespeito, uma violência, ou um assassinato, trata-se de uma tentativa de fazer com que ela desapareça do mundo, como forma de não subverter a ordem imposta pelas regras da igreja e de diversos outros setores quem compõem o Estado. As lésbicas subvertem o papel da mulher na sociedade capitalista e isso, por si só, é uma afronta aos que querem manter o julgo das mulheres e não perder seus benefícios.

Como as demais ideologias opressoras, a lesbofobia fortalece a superexploração da classe trabalhadora pela burguesia, pois as lésbicas também ocupam os cargos mais precarizados e com menores salários. A disseminação dos preconceitos e discriminações entre a classe trabalhadora será sempre uma importante ferramenta da burguesia na manutenção do seu poder e do seu lucro. Não é apenas por preconceito que setores reacionários, como a bancada fundamentalista evangélica, composta por figuras como Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, incitam o ódio às LGBT's. É dessa maneira que eles conseguem engordar seus bolsos e se manter no poder: dividindo as trabalhadoras pelas suas diferenças e as impedindo de fazer uma luta organizada e unificada por seus direitos. Nossos verdadeiros inimigos não estão entre nós. Ocupam um outro lugar no mundo. São poucos, mas conseguem de maneira cruel nos explorar e oprimir.

Somente lutando unidas, com todas as trabalhadoras e trabalhadores, pela construção de uma nova sociedade, nós mulheres lésbicas, poderemos ser visíveis, conquistar nossos direitos e nos mantermos vivas e vivendo plenamente a nossa sexualidade.

2 comentários :

  1. Liberdade essa é a palavra magica cada pessoa vive da sua forma escolhe o seu caminho ninguem pode interferir certo essa é a regra
    Gratis

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  2. Liberdade essa é a palavra magica cada pessoa vive da sua forma escolhe o seu caminho ninguem pode interferir certo essa é a regra
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